segunda-feira, 16 de março de 2009

Estar “com” a Dor


Quando começamos praticar meditação, podemos bem pensar que não temos nenhuma escolha sobre como experimentamos o sofrimento. Podemos ter algum problema no nosso passado ou na nossa situação actual que parece que só pode ser compreendido como uma dor rígida— uma história abusiva por parte da família, um casamento tortuoso, adversidades económicas, um acto hediondo feito a nós, uma criança incapacitada cuja aflição nos quebra o coração. Mas se nos dermos à possibilidade investigar o nosso sofrimento mais profundamente, descobriremos que estar "com" a nossa dor pode levar à sabedoria e à felicidade. O acontecimento ou as circunstâncias não perdem por si só o seu desagrado ou sua qualidade infeliz, mas ao passar por elas conscientemente chegamos a um estado da mente pacífico e luminoso.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Saiba que todas as coisas são assim:



O Buda disse:

Saiba que todas as coisas são assim:
Uma miragem, um castelo de nuvens,
Um sonho, uma aparição,
Sem essência mas com qualidades que podem ser vistas.

Saiba que todas as coisas são assim:
Como a lua num céu brilhante
Em algum claro lago refletida,
Ainda que para aquele lago a lua jamais se moveu.

Saiba que todas as coisas são assim:
Como um eco que provém
Da música, sons e lamentos,
Embora nesse eco não haja melodia.

Saiba que todas as coisas são assim:
Como um mágico que fabrica ilusões
De cavalos, bois, carroças e outras coisas,
Nada é como parece.


A contemplação dessa qualidade da realidade em que ela é similar ao sonho não precisa de modo algum nos deixar indiferentes, desesperançados ou amargurados. Ao contrário, ela pode revelar em nós um humor cálido, uma suave e forte compaixão que mal sabíamos que existia em nós, e uma generosidade cada vez maior para com todos os seres e coisas.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Queremos nós realmente perder acesso a tudo isto?


Na raiva, nós podemos perder o contacto com o Amor
No medo, nós podemos sacrificar a Confiança e a Coragem.
Na culpa, nós podemos negar o Auto-Valor e obstruir a Inspiração
Queremos nós realmente perder acesso a tudo isto?

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Mitos


CAMPBELL: Cada indivíduo deve encontrar um aspecto do mito que se relacione com sua própria vida. Os mitos têm basicamente quatro funções.


A primeira é a função mística – e é disso que venho falando, dando conta da maravilha que é o universo, da maravilha que é você, e vivenciando o espanto diante do mistério. Os mitos abrem o mundo para a dimensão do mistério, para a consciência do mistério que subjaz a todas as formas. Se isso lhe escapar, você não terá uma mitologia. Se o mistério se manifestar através de todas as coisas, o universo se tornará, por assim dizer, uma pintura sagrada. Você está sempre se dirigindo ao mistério transcendente, através das circunstâncias da sua vida verdadeira.


A segunda é a dimensão cosmologia, a dimensão da qual a ciência se ocupa – mostrando qual é a forma do universo, mas fazendo o de uma tal maneira que o mistério, outra vez, se manifesta. Hoje, tendemos a pensar que os cientistas detêm todas as respostas. Mas os maiores entre eles dizem-nos: “Não, não temos todas as respostas. Podemos dizer lhe como a coisa funciona, mas não o que é”. Você risca um fósforo – o que é o fogo? Você pode falar de oxidação, mas isso não me dirá nada.


A terceira função é a sociológica – suporte e validação de determinada ordem social. E aqui os mitos variam tremendamente, de lugar para lugar. Você tem toda uma mitologia da poligamia, toda uma mitologia da monogamia. Ambas são satisfatórias. Depende de onde você estiver. Foi essa função sociológica do mito que assumiu a direcção do nosso mundo – e está desactualizada.


MOYERS: Como assim?


CAMPBELL: Princípios éticos. As leis da vida, como deveria ser, na sociedade ideal.


Todas as páginas e páginas de Jeová sobre que roupas usar, como se comportar diante do outro, e assim por diante, no primeiro milénio antes de Cristo. Mas existe uma quarta função do mito, aquela, segundo penso, com que todas as pessoas deviam tentar se relacionar – a função pedagógica, como viver uma vida humana sob qualquer circunstância. Os mitos podem ensinar lhe isso.

MOYERS: Quer dizer que a velha história, conhecida há tanto tempo e transmitida através de gerações, continua vigorando, e ainda não conseguimos aprender uma nova?


CAMPBELL: A história que temos no Ocidente, na medida em que se baseia na Bíblia, baseia se numa visão do universo que pertence ao primeiro milénio antes de Cristo. Não está de acordo nem com nossa concepção do universo, nem com nossa concepção da dignidade humana. Pertence inteiramente a algum outro lugar.

Hoje, temos que reaprender o antigo acordo com a sabedoria da natureza e retomar a consciência de nossa fraternidade com os animais, a água e o mar. Dizer que a divindade modela o mundo e todas as coisas é condenado como panteísmo. Mas panteísmo é uma palavra enganadora. Sugere que um deus pessoal supostamente habita o mundo, mas a ideia em absoluto não é essa. A ideia é transteológica, de um mistério indefinível, inconcebível, admitido como um poder, isto é, como a fonte, o fim e o fundamento de toda a vida e todo o ser.


Joseph Cambell "O poder do Mito" on-line http://mitologia.com.sapo.pt/campbell.pdf

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Sorria!!



A felicidade de fazer sorrir, de reconhecer e não ter receio de elogiar, de ver sempre o melhor nos outros, de o dizer e com isso provocar mesmo o mais envergonhado dos sorrisos!

Sorria! Todos os dias! A toda a gente! À Vida!

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Mudando Como o Tempo


A primeira verdade nobre simplesmente diz que faz parte do ser humano sentir-se incomodado. Nós não precisamos de chamar sofrimento; nem sequer temos de chamar de dor.

Sabendo das altas temperaturas do fogo, do aspecto selvagem de vento, da turbulência da água, do levantamento da terra, bem como do calor acolhedor do fogo, da frescura e da lisura da água, da gentileza das brisas, e da bondade, solidez, e confiança da terra. Sabemos que nada, na sua essência, é de uma forma ou de outra. Os quatro elementos têm qualidades diferentes; são como mágicos. Às vezes eles manifestam de uma forma e às vezes de outra. ... A primeira verdade nobre também reconhece que nós mudamos como o tempo, nós declinamos e fluímos como as marés, nós enchemos e diminuímos como a lua...


Pema Chodron, Awakening Loving-Kindness

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Centrados na nossa Prática


É essencial que nosso conhecimento seja posto em prática, não com uma visão idealista de que subtidamente tornamo-nos totalmente amorosos e compassivos, mas com vontade de sermos justamente aquilo que somos e começar desse ponto. Então a nossa prática vai acentar na realidade da nossa experiência, em vez de se basear em alguma expectativa de como devemos ser. Mas devemos começar. Trabalhamos com os preceitos como diretrizes para harmonizar nossas ações com o mundo; vivemos com contentamento e simplicidade sem explorar as outras pessoas nem o planeta; trabalhamos com restrição na mente, vendo que é possível dizer não a certos impulsos condicionados, e expandir quando sentimo-nos limitações devido a inibições e a medos; reflectimos sobre o karma e a direção da nossa vida, para onde se dirige e o que está a ser desenvolvido; cultivamos generosidade e amor, compaixão e serviço. Tudo isto junto torna-se o nosso caminho da prática.


Joseph Goldstein, Seeking the Heart of Wisdom