quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Os nossos inimigos


Os nossos inimigos mais próximos são as qualidades que surgem nas nossas mentes e que se mascaram como sendo a genuína realização espiritual. Na verdade são unicamente uma imitação, servindo para nos separar do verdadeiro sentimento em vez de nos ligarmos a ele. . . .

O inimigo mais próximo da bondade amorosa é o apego. . . . No princípio o apego pode sentir-se como amor, mas à medida que ele cresce torna-se mais claramente o contrário, caracterizado pelo o agarrar, o controlar e pelo o medo.

O inimigo mais próximo da compaixão é a pena, e este sentimento também nos separa. A pena apresenta-se como a pena "dessa pobre pessoa ali," como se fossem de alguma forma diferente de nós. . . .

O inimigo mais próximo da alegria compassiva (a alegria na felicidade dos outros) é a comparação, que surge para ver se temos mais do que, o mesmo que, ou menos do que o outro. . . .

O inimigo mais próximo da equanimidade é a indiferença. A verdadeira equanimidade é o equilíbrio no meio da experiência, ao passo que a indiferença retiranos dessa experiência sem nem permitindo preocupar-nos, tudo isto surge devido ao medo. . . .

Se nós não reconhecemos e não compreendermos quais são os inimigos mais próximos, eles irão amolecer a nossa prática espiritual. Os nichos que eles criam não nos conseguem proteger durante muito tempo da dor e do facto da vida ser imprevisível, mas vão seguramente asfixiar a alegria e com isto abrir-nos para nos ligarmos aos relacionamentos verdadeiros.



Jack Kornfield, A Path with Heart

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