quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Centrados na nossa Prática


É essencial que nosso conhecimento seja posto em prática, não com uma visão idealista de que subtidamente tornamo-nos totalmente amorosos e compassivos, mas com vontade de sermos justamente aquilo que somos e começar desse ponto. Então a nossa prática vai acentar na realidade da nossa experiência, em vez de se basear em alguma expectativa de como devemos ser. Mas devemos começar. Trabalhamos com os preceitos como diretrizes para harmonizar nossas ações com o mundo; vivemos com contentamento e simplicidade sem explorar as outras pessoas nem o planeta; trabalhamos com restrição na mente, vendo que é possível dizer não a certos impulsos condicionados, e expandir quando sentimo-nos limitações devido a inibições e a medos; reflectimos sobre o karma e a direção da nossa vida, para onde se dirige e o que está a ser desenvolvido; cultivamos generosidade e amor, compaixão e serviço. Tudo isto junto torna-se o nosso caminho da prática.


Joseph Goldstein, Seeking the Heart of Wisdom

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Os nossos inimigos


Os nossos inimigos mais próximos são as qualidades que surgem nas nossas mentes e que se mascaram como sendo a genuína realização espiritual. Na verdade são unicamente uma imitação, servindo para nos separar do verdadeiro sentimento em vez de nos ligarmos a ele. . . .

O inimigo mais próximo da bondade amorosa é o apego. . . . No princípio o apego pode sentir-se como amor, mas à medida que ele cresce torna-se mais claramente o contrário, caracterizado pelo o agarrar, o controlar e pelo o medo.

O inimigo mais próximo da compaixão é a pena, e este sentimento também nos separa. A pena apresenta-se como a pena "dessa pobre pessoa ali," como se fossem de alguma forma diferente de nós. . . .

O inimigo mais próximo da alegria compassiva (a alegria na felicidade dos outros) é a comparação, que surge para ver se temos mais do que, o mesmo que, ou menos do que o outro. . . .

O inimigo mais próximo da equanimidade é a indiferença. A verdadeira equanimidade é o equilíbrio no meio da experiência, ao passo que a indiferença retiranos dessa experiência sem nem permitindo preocupar-nos, tudo isto surge devido ao medo. . . .

Se nós não reconhecemos e não compreendermos quais são os inimigos mais próximos, eles irão amolecer a nossa prática espiritual. Os nichos que eles criam não nos conseguem proteger durante muito tempo da dor e do facto da vida ser imprevisível, mas vão seguramente asfixiar a alegria e com isto abrir-nos para nos ligarmos aos relacionamentos verdadeiros.



Jack Kornfield, A Path with Heart

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Mudar para Melhor


Uma das questões que nos colocamos no nosso dia a dia é como alteramos os nossos comportamentos impulsivos, como mudamos o que fazemos, dizemos, sentimos e pensamos quando somos confrontados com situações que nos “colocam à prova”?

É muito comum vermo-nos em situações em que o que fazemos já não se adequa ao que sabemos, podendo ser uma fonte de frustração.

Afinal como mudamos para melhor?

O artigo, que aqui colocamos, explica de uma forma simples o funcionamento dos nossos padrões comportamentais e dá-nos ferramentas para os modificar.

Afinal, é só mesmo querer! Querer e fazer.



Sintam-se livres de expressar opiniões, vivências e outras coisas que tal. Sintam-se em casa! E partilhem! Este espaço é de todos nós!


Poderão faze-lo através de email - tara.estrelasabedoria@gmail.com


Namaste

Tara - Estrela de Sabedoria




Mudar Para Melhor

Libertando-se de padrões emocionais e comportamento auto-destrutivos. Seis passos simples para o fazer.

Por Sally Kempton



Por volta dos meus 20 anos, quando estava a dar os meus primeiros passos no longo caminho do auto-conhecimento, perdi alguns meses em terapia com uma terapeuta Junguiana. Ia às consultas porque me sentia estagnada e paralisada. Tinha um romance para escrever e não me conseguia focar, um namorado que parecia não me amar da maneira que eu queria, e um sentimento geral de descontentamento comigo mesma. A analista costumava fazer-me deitar no seu sofá e pedir para eu respirar profunda e completamente durante o que me pareciam horas, desencadeando as minhas primeiras experiências reais de relaxamento. Mas a coisa mais memorável que ela fez foi introduzir-me o conceito de transformação. Aconteceu numa tarde, depois das respirações profundas, quando estava deitada no sofá a falar de todas as coisas que não resultavam na minha vida. "Sabe qual é o seu verdadeiro problema"? - Perguntou-me. "É que não entende que é possível mudar".


Fiquei chocada. "O que quer dizer com isso?” – perguntei.


"Você pensa que aquilo que está a ser agora é o que você é! E isso não é verdade! Pode mudar tudo. Pode mudar os relacionamentos. Pode mudar a maneira como faz coisas. Pode mudar a forma como se sente".


Não há nada mais radical do que o momento em que se compreende que é possível reinventar a nossa vida. Eu não falo sobre mudar o nosso aspecto vísual, nem sobre deixar um trabalho estável para ir trabalhar nos Médicos Sem Fronteiras. Falo de reconfigurar as nossas atitudes mentais e emotivas, mudar a nossa visão da vida — o tipo de mudança interior que transforma um pessimista em alguém capaz de ver a perfeição em tudo; o tipo de pessoa que gere a cólera de uma raiva e a transforma em energia criativa; isso faz-nos ficar mais felizes, mais pacíficos, mais em sintonia com o amor e sabedoria que existe na nossa alma.


Este tipo de transformação é o ponto crucial da vida interior, a promessa do Yoga, da meditação, e das várias formas de trabalho interior e auto-conhecimento que nós empreendemos. Mas é essencial compreender que tipo de mudança é que nós estamos realmente à procura, e também perceber o que esse nível de mudança nos exige. Nós não queremos limitar as nossas possibilidades ao esperarmos muito pouco da nossa prática. E ao mesmo tempo, não queremos cair em pensamentos de que tudo se resolve por magia, nem ficar no impasse espiritual, que nos faz pensar que basta meditar para resolver os problemas da nossa vida.



Mudando a nossa Mente

Sabendo que a premissa fundamental do Yoga -Todos nós, no nosso interior (alma), somos feitos da mesma inteligência amorosa e poderosa, que dá origem a toda vida, e que essa inteligência é fluida e infinitamente criativa - deve ser teoricamente possível mudar quase tudo em nós. Alguns professores New Age realmente dão essa ideia — dizem, por exemplo, que nós podemos utilizar o nosso poder de intenção para transformar o que quisermos nas nossas vidas para melhor. Mas será que basta a intenção para mudar, por exemplo, a nossa situação financeira ou os nossos padrões de relacionamentos românticos? Podemos curar uma doença crônica ou terminal apenas através da transformação das nossas atitudes? Poderemos mudar a nossa personalidade?


A estas perguntas o Yoga diz sim e não. Por um lado, há certos aspectos da nossa personalidade básica e constituição física parecem ser nossos para a vida inteira — é por isso que até as pessoas iluminadas demonstram as suas personalidades individuais, e também não é por fazer muitos estiramentos que vamos alongar os nossos ossos. Por outro lado, não há nenhuma dúvida que quando entramos profundamente em nossa consciência, mudanças extraordinárias acontecem.


O que o Yoga nos pode definitivamente ajudar a mudar (e, por consequência, mudar dramaticamente a nossa experiência de vida) é a estrutura da própria mente, a forma como nos agarramos a certas emoções e julgamentos e, acima de tudo, a qualidade do que sentimos interiormente. As mudanças mais poderosas ocorrem quando experimentamos uma mudança na forma como nos identificamos — quando conseguimos ver-nos como o Ser, a consciência imutável atrás da mente, ou quando conseguimos identificar-nos como a testemunha dos nossos pensamentos em vez de nos tornarmos os nossos pensamentos e emoções.


Na minha perspectiva, o cerne da prática de Yoga é o trabalho que fazemos para purificar, reformular, e substituir os padrões interiores que, em sânscrito, são chamados samskaras. Os Samskaras são as impressões acumuladas— em termos científicos, os padrões neuronais — que criam o nosso carácter, as nossas maneiras de pensar e agir, e a nossa perspectiva da vida.


A palavra samskara pode ser traduzido da forma como soa em inglês: como "algumas cicatrizes” (some scars). Os Samskaras são padrões de energia na nossa consciência. Eu imagino-os sempre como sulcos mentais, como canais na areia que deixam correr a água em certos padrões. Os Samskaras são as predefinições pelas quais se rege o nosso plano mental, emotivo, e físico.


A tendência em pensar "eu não consigo fazer isto" quando somos confrontados com um novo desafio é um samskara, assim como a confiança que se ganha quando dominamos algo que foi duro para nós. A tensão acumulada no nosso ombro direito quando nos sentimos em stress é um samskara e também o é a letra da canção que surge inesperadamente na nossa mente e — pelo menos no meu caso — revela-se frequentemente como o comentário perfeito para a situação em que nos encontramos nesse preciso momento.


Os neurofisiologistas que estudam como são traçados os caminhos neurais no cérebro reportam que de cada vez que nós reagimos de uma certa forma — ficando zangados, por exemplo, ou protelando mais uma vez — fortalecemos o poder desse caminho. Os textos do Yoga frisam o mesmo ponto. No final, em cada caso, a maneira como nos sentimos, a maneira como reagimos, e o comportamento que manifestamos num dado momento é devido aos samskaras ou às conexões neurais, que trabalham à superfície.


A partir do momento que os sulcos dos samskaras são definidos, a maioria de pessoas continuam simplesmente a percorre-los, como ratos num labirinto, reagindo com os mesmos velhos padrões e sentimentos de cada vez que uma situação parece ser o reflexo daquilo que tenha sido o gatilho original.


Provavelmente sabemos, pelo menos intelectualmente, como isto funciona. Quando nos sentimos abandonados porque o nosso amigo não nos telefona há mais de duas semanas, talvez percebamos que não foi porque deixou de gostar de nós. Podemos mesmo compreender (especialmente se já fizemos alguma terapia) que esse silêncio desencadeia um dos nossos velhos sulcos do samskaras — talvez uma memória de infância de abandono. Infelizmente, saber isto, não nos impede por si só de reagir. Os Samskaras são poderosos e não é por termos essa percepção que vamos mudar o nosso comportamento. Há um peso associado a essas impressões acumuladas. São, no dia a dia, a razão porque pensamos e sentimos da forma que o fazemos.


Esta é uma notícia tão boa quanto má. A má notícia sobre os sulcos dos samskaras é que a partir do momento que os samskaras negativos estão activos, é difícil escapar às limitações impostas pela nossa história pessoal. No entanto, a boa notícia é que podemos mudar esses padrões. O cérebro é tão fluido e maleável, tão inclinado a adquirir e reter impressões que, quando nos direccionamos persistentemente para novos caminhos, a acumulação de novas introspecções, práticas e experiências, vão-se naturalmente sobrepor aos velhos caminhos e, existindo as circunstâncias correctas, podemos mesmo eliminá-los completamente.



Atentos à Chamada

Recentemente, tive a oportunidade de observar uma das minhas estudantes a fazer este processo. A Dale, redactora numa revista, eliminou dia a dia a sua frustração profissional, que se reflectia nas críticas aos seus subordinados.


Uma noite ela leu um livro de um psicólogo espiritual contemporâneo, em que o escritor definiu o mal como "usar o poder para evitar o crescimento espiritual". Rapidamente, compreendeu que suas explosões em direção aos outros vinham precisamente deste impulso — descarregava culpa sobre as outras pessoas antes de olhar para as suas próprias fontes de dor e frustração.


Nessa noite, deitada na cama e sentindo-se confusa e com remorsos, perguntou a si própria "O que é que eu posso fazer para mudar isto?"


Para quebrar um padrão em nós, necessitamos frequentemente de algum tipo de choque, uma chamada de atenção externa para acordar. Isto porque os padrões interiores tendem a perpetuar-se. A não ser que algo venha ter connosco, nos abale, fazendo-nos ficar cientes do nosso padrão e nos empurre para fora do buraco, temos tendência para entrar em looping eterno à volta dos nossos velhos caminhos. O resultado deste tipo de choque cria um campo de trabalho poderoso para a mudança.


Aliás, qualquer momento em que sentimos a necessidade urgente de mudança é um momento frutífero. A motivação intensa estimula o avanço espiritual, como podemos notar pelas histórias de iluminação repentina que são contadas em tantas tradições. Quando as pessoas me perguntam como podem mudar as suas atitudes que criam sofrimento — como a raiva, o ciúme intenso ou o medo — digo frequentemente, "Você tem de querer mudar profundamente". Usando a frase do poeta Kabir, “é a intensidade do desejo de mudança que faz o trabalho”.


Esse desejo não só nos motiva a agir, mas também atrai ajuda. Sri Aurobindo, o grande professor indiano do princípio do século 20, dizia que esses momentos de aspiração humana invocam a força da graça divina, e que é essa força que traz o avanço. A graça vem de muitas fontes, é claro. Quando vem de dentro de nós, experimentamo-la como sendo inspiração. A graça também nos surge como a ajuda que recebemos de outras pessoas. Aliás, os outros podem ser uma fonte importante de graça que nos leve a mudar.


Isto foi certamente a experiência da Dale. Ela decidiu tratar da sua raiva como se fosse um vício e pediu ajuda. Contou a todos os seus companheiros de trabalho que ela tinha compreendido que os seus ataques de fúria eram difíceis para toda a gente e que queria parar de tê-los. Pediu que a ajudassem dando-lhe um sinal quando a visem ser áspera. Concordaram. Depois de alguns dias, em que recebia os sinais várias vezes por hora, Dale compreendeu que ela falava num certo tom quando estava a tentar coagir os outros.



Fazer a Quebra

Nesta altura, ela começou com um processo interno de autoavaliação, que qualquer um de nós pode achar útil, para quebrar um padrão de samskara. Aqui está como ela o trabalhou:


A Dale começou a prestar atenção ao seu tom de voz e a notar quando esta soava coerciva ou zangada. Então tentava lembrar-se do que sentira exactamente antes da sua voz mudar. Compreendeu que o seu desejo de dizer algo áspero começava sempre com o mesmo grupo de emoções — parte ansiedade, parte frustração, mas mais inesperadamente, sentir que tinha razão e poder, dos quais ela gostava. Essa sensação de poder levava-a a levantar a voz e dizer coisas que faziam as outras pessoas encolherem-se.
Uma vez identificadas as emoções, começou a tentar reconhecê-las quando surgiam, antes de agir. Então, parava e perguntava, "Queres realmente dizer o que vais dizer?" ou "As coisas são realmente da maneira que achas que são?".


Por causa do seu profundo desejo de mudar e da sua vontade de o trabalhar, Dale deu por si numa rápida pista de transformação. Em poucas semanas, os seus colegas de trabalho comentavam o quanto mais amável ela estava e como era mais fácil trabalhar com ela. "Eu estava muito mais feliz", disse Dale. "Penso que, pela primeira vez na minha vida de trabalho, senti que as pessoas realmente gostavam de estar comigo". Aliás, temporariamente, sentiu que tinha realizado um milagre — uma reviravolta instantânea na sua maneira de ser.


Como é de esperar, não é assim tão simples. Mas Dale tinha realmente tropeçado numa das fórmulas básicas para a transformação interior ou para o avanço. Primeiro, recebeu um alerta para acordar. Ela interiorizou esse alerta, e descobriu dentro de si uma motivação poderosa. Segundo, tinha pedido ajuda para fazer a mudança desejada — neste caso, às pessoas ao seu redor. Em terceiro lugar, descobriu um método, a autoavaliação, que lhe deu a capacidade de identificar os seus padrões, para que pudesse estar consciente dos comportamentos e reacções que queria mudar. Existe um princípio essencial do Yoga neste tipo de trabalho: assim como os Yoga Sutras aconselham, Dale combinava a prática com uma forte vontade, e o resultado permitiu que contornasse seus velhos sulcos de samskaras e criasse novos.



Criando Novos Sulcos

Uma das melhores maneiras de criar novo samskaras é mudar conscientemente o nosso comportamento e encontrar formas de pensar alternativas, para transformar os padrões negativos em positivos. Esta é a ideia base de muitas das práticas de transformação que fazemos no Yoga — por exemplo, as práticas de honestidade e compaixão, ou a prática de Patanjali de trocar um pensamento negativo ou emoção, por um positivo. Suponhamos que, de cada vez que nos sentimos irados podemos tentar lembrar-nos, de propósito, do amor; ou da energia que está por detrás da raiva; de olhar para dentro e perguntar, "Quem é que está zangado?"; ou mesmo de nos lembrarmos que é possível existir outra forma de olhar para a situação. Depois que fazermos isto durante algum tempo, notamos uma mudança em nós. Talvez ainda caímos no sulco da raiva, mas juntamente com os samskaras de raiva, teremos desenvolvido um conjunto de sulcos alternativos que vão surgir em conjunto com a raiva. Vamos lembramo-nos de que há maneiras mais expansivas de abordar a situação. A prática cria um "campo" positivo dentro de nós que, com o tempo, tornar-se-á tão forte quanto a negativa. Nesse momento podemos escolher como queremos reagir.


Para além disso, a maioria das práticas de Yoga — asana, meditação, estudo, repetição de mantra, visualização, pranayama — não só criam novos samskaras positivos, como também têm o poder de apagar os velhos samskaras, que nos limitam e produzem sofrimento. Aqui, a meditação é especialmente eficiente porque pode, literalmente, libertar os velhos samskaras para fora do nosso inconsciente. Quando surgem emoções fortes ou estática mental durante a prática, numa pessoa que começou a meditar há pouco tempo, esta pode pensar que não está a meditar de forma correcta. De facto, o surgimento súbito ou constante de pensamentos e emoções, faz parte do processo natural de apagar os samskaras, quando algumas das nossas camadas de memórias mais profundas se libertam. A razão pela qual, quando se medita ou se faz Yoga, nos faz sentir mais tranquilos, mais claros e menos cheios de emoções — mesmo que a nossa mente não tenha estado tranquila durante a meditação é, simplesmente, porque a pratica aliviou o nosso inconsciente de algum do seu peso.


A prática clássica para purificar samskaras na India e nas tradições Tibetanas é a repetição de mantras. Quando comecei a minha prática espiritual, era cíclica e repentinamente assolada por emoções dolorosas — culpa, confusão e a sensação de ser inadequada ou má — enquanto a minha “carga” de samskaras se despejava. Se pudesse, durante a meditação, “sentar-me” com os meus sentimentos, eles acabavam por se dissolver, como se estivessem a ser retirados de mim pela energia da meditação. O processo pareceu ser ainda mais rápido quando introduzi o mantra do meu professor na meditação.


Quando ofereci o mantra ao vórtice do tumulto mental, ele suavizou-se, focou-se e limpou o zumbido de estática mental e os resíduos peganhentos da culpa e ressentimento. Quando repetia o mantra, com uma intenção focada sentia-me, por vezes, como se lavasse a minha mente com um sabão subtil e eficiente. Após um par de anos a repetir regularmente o mantra, a minha incontrolável mente obteve uma textura completamente diferente. Mesmo a minha expressão corporal começou a ser mais macia e aberta.



Ascendendo em espiral

Uma forma de termos consciência do nosso "progresso" é observar a nossa crescente capacidade de evitar certos sulcos do samskara. A primeira vez que eu notei essa mudança foi após dois anos de pratica intensa. Fui passar uma noite com um velho, amigo que sempre pareceu saber como desencadear os meus sentimentos de inferioridade e insegurança. Nessa vez, apesar do seu estado normal de criticismo, não me deixei levar por isso. Dois anos de prática tinham desarmado a minha autocrítica interior, ao ponto de poder estar ao lado de pessoas críticas, sem levar o que digam a peito.


Tudo isto leva tempo. Mesmo após notarmos que certas tendências e maneiras de pensar desapareceram definitivamente, somos frequentemente dissuadidos, pois outras tendências, mais profundas, parecem mudar lentamente.


Alguns meses após o avanço inicial de Dale, debaixo da pressão de uma noite sem dormir e com um prazo apertado, ela ouviu-se a si própria, chamar a um dos seus redactores de idiota incompetente e sem talento. O redactor sentiu-se esmagado e disse que ela não tinha mudado absolutamente nada. Ela ficou decepcionada consigo mesma. "Para que serve tudo isto?" perguntou-me. "Trabalhei tão duramente e parece não fazer nenhuma diferença. "


Em momentos destes, é bom perceber que a transformação real não é um processo linear, mas sim uma espiral. Quando fazemos um avanço na prática do Yoga, uma meditação especialmente profunda ou largamos uma camada de raiva ou orgulho, temos, normalmente, uma retaliação interna a seguir. Podemos sentir-nos vazios, irritáveis, dissuadidos, ou desinteressados neste treino. Podemos comer alimentos que não nos fazem bem ou pensarmos que temos imensos defeitos e falhas. Nos meus primeiros anos de prática, sempre que isto acontecia, sentia-me como se tivesse caído ou regredido, sem qualquer controle da situação.


Com o passar dos anos, comecei a perceber que estas recaídas fazem parte do processo de integração de novos estados. Os nossos corpos e cérebros não conseguem integrar demasiadas mudanças de repente. Assim, de cada vez que subimos mais um degrau, há um período de tempo necessário para uma recalibração. Mesmo quando parece que damos dois passos para trás, por cada passo para a frente, se olharmos com atenção, vamos ver que estamos numa nova posição predeterminada. A espiral move-se gradualmente para cima, movendo-se para um novo ciclo que nos parece deixar na mesma posição quando, na realidade, nos encontramos num nível completamente diferente. Quando olhamos com atenção para nós, podemos notar que temos mais consciência pelo que, quando repetimos um padrão antigo, passamos mais rapidamente por ele. Talvez o padrão reactivo seja menos intenso. Ou talvez compreendemos que, mesmo quando notamos as nossas imperfeições (ou de outras pessoas), conseguimos ficar em contacto com o nosso centro, com o nosso ser interior. Talvez tenhamos uma nova compaixão por nós próprios. Em resumo: nós não nos movemos, de forma alguma, para trás. Simplesmente andamos numa espiral em vez de uma linha recta.


Esta transformação é um processo a longo prazo. As grandes mudanças raramente acontecem da noite para o dia. E cada esforço que fazemos na viagem da transformação tem efeitos exponenciais. De cada vez que encontramos conscientemente um samskara negativo, que nos lembramos da beleza do nosso ser interior ou limitamos o nosso comportamento reactivo a cinco minutos, em vez de cinco horas, não só mudamos esse padrão mas, também, milhares de outros padrões relacionados. Um dia, olhamos para nós e descobrimos que vivemos num nível totalmente diferente— compreendemos o poder que temos e como uma viagem de transformação pode ser milagrosa e frutífera.


É aí que compreendemos que Krishna não estava a brincar quando disse ao Arjuna, no Bhagavad Gita, que neste caminho, nenhum esforço jamais será desperdiçado!



Fazendo a Mudança


Identificar a Mudança


Determinar o padrão que nos pareça ser o mais importante.
Conectarmo-nos com a motivação para mudar.
Trabalhar um problema ou comportamento de cada vez. Quanto mais profundamente quisermos mudar — e quanto mais focado estivermos nesse padrão ou problema — mais rápida poderá ser a mudança.


Procurar Apoio

Entrar em contacto com amigos, família, e colegas de trabalho — qualquer pessoa que nos ame e nos lembre com calma (e sem julgar) quando estamos a cair em velhos padrões.


Auto-Observação

Praticar a auto-observação para que possamos identificar os sinais (emoções, pensamentos, linguagem do corporal, mudanças no tom de voz) que nos revelem se estamos a pensar ou a agir de acordo com um velho padrão.
Tentarmo-nos lembrar que devemos ser um observador, não um juiz.


Focar os Sentimentos/ Emoções

Quando identificamos os gatilhos dos nossos padrões negativos, devemos focar-nos na emoção mais profunda que identificamos. Isto dá--nos a consciência da fonte energética do comportamento. Então, nesse momento, usamos a prática que mais nos ajudar a romper o padrão. Pode ser, simplesmente parar e inspirar profundamente ou então confrontar o pensamento negativo.


Fazer um Compromisso

Sermos persistentes na prática de auto-observação e experimentar técnicas diferentes para mudar o nosso estado, em cada etapa.


Ser Alegre

Acolher com prazer mesmo as mudanças mais subtis (e lembrarmo-nos que cada uma delas tem um efeito exponencial) e praticar a compaixão por nós mesmos quando encontramos dificuldades ou contrariedades.




Tradução do original em ingles retirado de http://www.yogajournal.com/wisdom/1719?print=1

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Melhor ou Pior?



Normalmente, passamos todo o tempo a comparar e discriminar isto e aquilo. Andamos sempre à procura das coisas boas que nos aconteceram. E por causa disto tornamo-nos inquietos e ansioso em relação a tudo.


Da mesma forma que conseguimos imaginar mais e melhor para nós, que aquilo que temos ou que aquilo que somos, conseguimos também, naturalmente, imaginar que nos pode acontecer algo bem pior.


Somos constantemente perseguidos pela ideia que esse "mau" acontecerá. Por outras palavras, enquanto andarmos a distinguir entre o melhor e o pior para nós, nunca vamos encontrar a paz absoluta. Para isso temos que pensar que, independentemente do que nos aconteça, acontece sempre da melhor maneira.

Só quando conseguirmos pôr de parte os pensamentos de distinção entre o melhor e o pior e começarmos a ver tudo em termos de uma Identidade Única, seremos capazes de adoptar uma atitude diferente em relação à vida -- a atitude da mente magnânima com o que nos acontece, que nos leva a viver para fora do nosso Eu e a vivenciarmos a Identidade Única, revelando-nos assim uma vida verdadeiramente pacífica.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Entrevista a Robert Happe

Partilhamos um excerto de uma entrevista de Robert Happe, que é de uma simplicidade desarmante e com uma linguagem acessivel e semelhante à nossa.
A Consciência é a Resposta.




A entrevista completa encontra-se em
Namaste

E Assim Começa... entre o Ser e o não Ser


Olá!

Somo duas amigas de coração com uma busca e visão de vida semelhantes, a Inês Duarte e a Ana Cristina Lopes.

Apesar de seguirmos caminhos diferentes nas nossas procuras espirituais, temos em comum a mesma linguagem e os mesmos tipos de aprendizagem. O que nos une é o mesmo que une todas as pessoas: aprendemos a estar juntas no único sítio onde não somos diferentes – no coração. Esse que aprecia e se deixa encantar com as diferenças. Que respeita e aceita e Ama. Que nos torna apenas Um.

Nos últimos anos apercebemo-nos que existe uma grande falta de “ferramentas” de auto-conhecimento acessíveis e disponíveis de forma clara e em Português, a pessoas que, como nós, fazem actividades como o Yoga, o Taichi, Reiki ou outras actividades que permitem uma aproximação ao nosso Centro, à nossa Alma, ao nosso Coração.

Percebemos essa lacuna porque não vivemos isolados. Vivemos com pessoas com posturas, motivações e formas de estar muito diferentes das nossas. Não sendo ilhas e interagindo com os outros, percebemos que muitos dos nossos comportamentos não se adequavam e já não nos serviam. Deixavam-nos, e ainda deixam, com a sensação de sermos capazes de fazer melhor. De conseguirmos sermos e vivermos mais o nosso Coração. De sermos melhores pessoas, com mais compaixão mas, ao mesmo tempo, com mais auto-estima e confiança.

Procurámos ferramentas dentro da filosofia do Yoga e do Budismo, começámos a traduzi-las para português e a pensar em partilha-las. E porque não partilhar com quem de alguma forma tenha mostrado interesse nesta forma de estar na vida?

Este processo foi inicialmente individual. Mas fazer em conjunto, partilhar, torna todo o processo mais criativo e divertido. Como partilhar torna possível que passe de uma ideia a um acto real, resolvemos juntar esforços e saberes para que este projecto comece. Para que seja um acto de Coração.



Os artigos, vídeos e toda a informação que partilhamos são de uma grande simplicidade. Mas, apesar disso, nem sempre são fáceis. Exigem tempo e várias leituras para se conseguir interiorizar e consciencializar o seu conteúdo. É essa a maior dificuldade deste caminho e desta partilha – a persistência! Sejam persistentes, não desistam.
Não existem promessas de felicidade, nem fórmulas infalíveis nestas procuras. E cada uma de nós sabe que nada sabemos, que estamos sempre a aprender, mas que vale sempre a pena! Que hoje somos realmente melhores pessoas, mais próximas de nós mesmas e por consequência mais próximas dos outros.



E assim começa um espaço de trabalho...

De seu nome Tara - Estrela de Sabedoria, não ocupa espaço, não tem forma.
Tem mãos, mentes e corações por detrás de si e procura apenas partilhar, absorver e aprender.
Que seja mais uma luz a iluminar o caminho de alguns na sua busca interior.
Que seja um espaço de partilha.
Mais uma luz na escuridão.
Que sejamos todos nós.
Que a Compaixão e a Sabedoria caminhem sempre lado a lado.

Que assim seja




Sintam-se livres de expressar opiniões, vivências e outras coisas que tal. Sintam-se em casa! E partilhem! Este espaço é de todos nós!


Podem também entrar em contacto connosco através do email

tara.estrelasabedoria@gmail.com


Namaste

sábado, 27 de setembro de 2008

Crescimento Responsável




Nós não somos crianças inocentes vitimazadas por um mundo grande e mau. Se o nosso mundo é grande e mau, somos nós que o fazemos desta forma. Isto é o que Buddha ensinou. O "outro" é o papão da criança, é a projeção dos nossos próprios medos em relação a algo horrível existente na nossa imaginação, que por sua vez nos aterroriza. Nossa ignorância é não vermos que somos o outro. Nós não podemos permitir confundir inocência com esta ignorância. A violência não é um objecto permanente, imutável e fixo. É um estado de mente, uma expressão da ignorância, que não é mais sólido do que uma nuvem. Nós não podemos fazer um ataque frontal à violência. Mesmo proteger-nos da sua existência, ela continua a ser um papão. Mas o Buddha ensinou que podemos mudar. Esta é a boa notícia que ele nos trouxe: que existe uma maneira de aliviar os sofrimento e esta é libertar as nossas mentes de avareza, raiva e ignorância. Mas até nós apreendermos as maneiras em que nós somos as bombas e os ursos de bebês, as vítimas e os violadores, vamos continuar a culpar a "eles", enquanto proclamamos a nossa inocência e escapando das nossas responsabilidades.
Helen Tworkov, Tricycle: The Buddhist Review, Vol. V, #1

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Nada e Tudo




O grande professor indiano Nisargadatta Maharaj disse uma vez, "A sabedoria diz-me que eu sou nada. O amor diz-me que eu sou tudo. Entre os dois a minha vida flui". "Sou nada" não quer dizer que temos um deserto desolado dentro de nós. Significa sim, que com consciência nós abrimos a um espaço claro e limpido, sem centro ou periferia, onde nada é separado. Se somos nada, não existe absolutamente nada a servir como uma barreira nem limites para a nossa livre expressão do amor. Ao sermos nada, nós somos também, inevitavelmente, tudo. "Tudo" não quer dizer auto-engrandecimento, mas um reconhecimento decisivo da interligação; de que nós não estamos separados. Então ambas as sensações; como o claro espaço aberto do "nada" e o a sua ligação ao "tudo" acordar-nos para a nossa verdadeira natureza.

Esta é a verdade que nós contactamos quando meditamos, um sentido de unidade para além do sofrimento. Está sempre presente; nós meramente necessitamos poder acedê-lo.



Sharon Salzberg, Lovingkindness

sábado, 20 de setembro de 2008

Perdendo a nossa Vida



Repetidas vezes, o Gita muda a nossa perspectiva de cabeça para baixo, assim como faz com Arjuna. Muda o nosso sentido de como é que é a nossa vida. Assim quando começamos a adoptar a perspectiva do Gita como a nossa perspectiva, notaremos que o nosso foco de atenção começa a mudar. Em vez de sempre estarmos preocupados em obter aquilo que queremos ou necessitamos, começamos a acalmar, começamos a escutar. Esperaremos por esse estímulo interior. Tentamos ouvir, antes de decidirmos, o que devemos fazer a seguir. E assim ao escutarmos, ouviremos o nosso dharma cada vez mais claramente, e então começaremos a afinar cada vez mais os nossos actos com esse local de sabedoria mais profunda. E enquanto isso acontece, toda a nossa fascinação com os nossos papéis e os nossos planos e os nossos desejos e os nossos melodramas começarão a cair. Cada vez mais, nós nos abriremos a ser somente os instrumentos do dharma. E então descobriremos que perdemos a nossa vida – e encontrámo-la.


"...Quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas quem perder a sua vida por minha causa, há-de encontrá-la..." Envangelho segundo S. Mateus

Ram Dass "Paths to God, living the Bhagavad Gita"

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

A Psicologia da Dança


A dança permite restabelecer o elo com o nosso passado primitivo e distante, com a memória corporal que cada um trás dentro de nós e que pode ser actualizado através da música". (Coda Magazine, Maio de 2001).


As danças Tribais fazem reviver a experiência original através da dinâmica de grupo, que, como um corpo materno, carrega, embala e move o corpo do dançarino. São memórias vivas de uma mensagem da civilização que ultrapassa a história. A dança é eterna, tanto a antiga como a moderna. Depois de milhares de anos, de uma forma formidável e contínua, ela conta a mesma história, a da felicidade fundamental do ser humano, a de pertencer a uma comunidade humana. O isolamento é a negação do ser humano através dos anos.


Os artistas ajudaram-nos a entender que a nossa própria identidade (assim como a do futuro longínquo) depende da reintrodução na nossa sociedade moderna dos princípios de vida encontradas pelos indigenas, isto é a criação de uma ética de franqueza e abertura pelo o Outro. (Esta também é a posição que a psicanálise adopta em relação ao Outro dentro de nós, o que está escondido, o inconsciente, que só podemos aceder através da desconstrução dos personagens imaginários; que devemos descamar um a um, dissecando-os para chegarmos ao coração, ao nosso âmago mais enterrado).


A função terapêutica está neste movimento de descontrução-reconstrução do primitivismo e encontrasse ligada ao processo poético ou aos processos primários descritos por Freud. No entanto, em contraste com psicanálise, "dança é uma terapia sem divã, que se faz entre outras espécies, mais democrática e mais acessível! Todo o mundo pode beneficiar e rapidamente…Traz prazer sem perigo, solta sem a auto-destruição, ao contrário da droga e o uso do álcool," (France Schott Billmann, Paris Match nº 2892, 27 de Outubro de 2004)


"A Dança tem as suas virtudes — liberta, unifica, põe em contato, reune-se e junta o que está desfeito. Indo um pouco mais além, podemos dizer que ela cura. Essa é a razão pela qual a terapia da dança está em voga nos hospitais. Praticado desde de 1950, o movimento é usado para libertar tensões, canaliza e reorienta os ímpetos. Acalma e elimina os comportamentos agressivos e tranqüiliza as personalidades psicóticas e fóbicas," (France-Soir, 28 de Novembro de 2001).


Em conclusão, podemos dizer que a dança, por transmitir ao mesmo tempo prazer e regras, é de fato uma arte estruturante que reforça a construção de uma identidade e que constitui uma terapia particularmente eficiente.


France Schott Billmann

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

A União entre Shiva e Shakti


No sistema das divindades Hindus, Shiva e Shakti entrelaçam-se num estado constante de paixão divina, representando a regeneração eterna das forças do universo. Eles também representam as polaridades universais dentro de nós todos: Shiva, a força sem limites da consciência pura; e Shakti, a energia primordial da criação. Quando Shiva e Shakti se unem, Shiva dá poder ao potencial inerente de Shakti. A união deles cria a todos os niveis manifestação e realização do eterno estado de estar no coração.

Shiva e Shakti primeiro encontram-se no Anahata, o lugar do coração. Shiva, residindo na coroa (topo), está contente e a sonhar no seu próprio domínio, sendo regente de tudo o que supervisiona.

Shakti chama Shiva, dizendo: "Acorda, meu Senhor, e desce para a vida comigo. Confia em mim, meu senhor, eu só estou aqui unicamente para a nossa união e para realização dos teus sonhos mais altos; por favor acredita que os teus sonhos são também os meus." "Dentro de mim reside a realização de todo o teu potencial bem como também a coragem para enfrentares os teus medos de deixar o luxo e o conforto do teu próprio céu. Através de mim reside o caminho da tua própria transformação."

"Se não acreditas em mim, permanecerás, sonhando eternamente, no reino de céu. Se escolheres não te manifestares na criação, não respondas ao meu apelo. Se tu não te queres tornar-te em tudo o que está destinado para ser, escolhe, então, permanecer a dormir".

E ouvindo-a, Shiva escolhe responder-lhe ao chamado.

Chakra a Chakra, ela puxa-o da sua cabeça e do seu coração, para fora do seu intelecto e do seu idealismo. Unida à sua irmã negra, a feroz e sexual Kali, despertam Shiva do seu sono e o trazem para o centro violento da sua resistência e do seu medo.

Através do fogo e da paixão da Kali e com o encaminhar amoroso da sábia Shakti, Shiva encontra o seu lar em Shakti e através dela ele alcança plenamente todo o seu potenial atingindo a sua meta. É desta união que toda a criação flui eternamente. Quando é permitido fluir com segurança, a paixão traz-nos o presente da alegria. É o néctar dos deuses, compartilhar a alegria é um sacramento potente, é como uma bebida nutritiva que leva a energia para os chakras superiores, abrindo o coração e trazendo a união e a graça.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Tudo o que precisamos é Amor



O inimigo mais próximo do Amor é o apego. O apego mascara-se como Amor. Diz, "Eu vou-te amar se tu me amares". É um tipo de "homem de negócios" do amor. Então pensamos, "amarei esta pessoa desde que ela não mude. Amarei esta coisa se ela for da maneira que eu quero". Mas isto não é de todo Amor -- é apego. Há uma grande diferença entre o Amor, que permite e honra e aprecia, e o apego, que agarra e exige e quer possuir. Quando o apego é confundido com amor, na realidade vai-nos separar da outra pessoa. Sentimos que necessitamos dessa outra pessoa para sermos felizes. O apego também leva-nos a oferecer amor só a certas pessoas, excluindo as outras.

Joseph Goldstein, in Seeking the Heart of Wisdom

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Alegria versus Tristeza


Mesmo que te aconteça uma desgraça, considera com cuidado;

Olha bem aquele que te causa esse percalço.

A vista que contempla o fluxo e o refluxo das coisas boas e más

Abre para ti uma passagem do infortúnio para a felicidade.

Vês, portanto, como um estado leva-te a outro,

Um estado oposto gerando seu oposto em troca.

Se não sofreres temores depois de alegrias,

Como podes esperar prazeres depois de desgostos?

Enquanto temes a condenação do anjo da esquerda,

Os homens esperam a benção do anjo da direita.

Que possas ganhar duas asas! Um pássaro só uma asa

É impotente para voar, ó bem intencionado!...

Rumi

terça-feira, 2 de setembro de 2008

O Objecto que é agora



Não corras atrás do passado
Não procures o futuro
O passado já passou
O futuro ainda não veio
Mas vê claramente no ponto
O objecto que é agora
Enquanto encontrado e vivido nele
Um estado de mente parado e sem se mover


Bhikkhu Mangalo, The Practice of Recollection